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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nova bactéria muda forma de procurar vida no espaço

A NASA anunciou ontem, dia 2, que a sua descoberta com impacto nas formas de vida extraterrestre se trata de uma bactéria que usa arsénico no seu metabolismo. Uma forma de viver completamente diferente do que estamos habituados. Esta descoberta traz a prova de que outras formas de vida são possíveis, e a sua procura já não se pode cingir apenas aos constituintes básicos da vida na Terra.


Lago Mono
Lago Mono

Uma bactéria encontrada nos sedimentos do lago californiano Mono, nos EUA, baseia o seu metabolismo, e integra na sua estrutura química, o arsénio. Um elemento que é um veneno para a vida tal como a conhecíamos até agora. A descoberta inaugura um capítulo completamente novo na microbiologia e alarga as possibilidades de busca de vida extraterrestre.
Algumas luas e planetas do sistema solar transformam-se desde já em mundos potenciais para essa busca, que agora fica mais alargada. Titã, por exemplo, é um desses mundos. E, Marte, aqui ao lado, também.
"Há luas de Saturno, como Titã, onde a temperatura extremamente baixa, de 180 graus Celsius negativos, pode permitir que o arsénio se constitua como elo estável numa estrutura entre possíveis moléculas orgânicas", adiantou na mesma conferência da NASA o bioquímico Steven Benner, da Foudation for Applied Molecular Evolution.
Marte é outro alvo, como admitiu Mary Voitek e também Pamela Conrad, que dirige, no Goddard Space Flight Center da NASA, a futura missão Mars Science Lab que deverá ser lançada dentro de um ano para tentar encontrar vida microbiana no Planeta Vermelho.

"Esta descoberta alarga a nossa visão do que poderemos procurar em termos de ambiente capaz de suportar a vida", admitiu Pamela Conrad, sublinhando que "se se encontrarem ali moléculas orgânicas e também arsénico podemos começar a pensar de outra maneira em relação à existência de vida".

Carbono, hidrogénio, azoto, oxigénio, fósforo e enxofre são os constituintes básicos da vida na Terra, tal como a conhecemos até agora. O fósforo, nomeadamente, é parte integrante da estrutura química do ADN e do ARN, que contêm e transportam as instruções genéticas da vida, e também das paredes das células que constituem os tecidos dos organismos vivos. Sem fósforo, não existe vida. Mas, a bactéria encontrada no lago Mono pela investigadora Felisa Wolfe-Simon, e que ela designou GFAJ-1, utiliza o arsénio para essas funções, em vez do fósforo, tal como a sua equipa demonstrou num artigo publicado ontem na Science Express

Presente na conferência da NASA, a jovem investigadora da US Geological Survey, que foi financiada pela agência espacial americana nestes estudos, sublinhou que "esta descoberta lembra-nos que a vida tal como a conhecemos pode ser muito mais flexível do que geralmente pensamos". A substituição do fósforo pelo arsénio "mostra-nos uma forma de vida muito diferente, o que tem vastas implicações sobre o nosso conhecimento acerca do funcionamento do nosso próprio planeta", adiantou. Além disso, "se um microorganismo pode fazer uma coisa tão inesperada na Terra, o que pode a vida fazer mais que ainda não vimos? É preciso descobri-lo", disse, notando que isto abre uma porta nova à busca de vida fora da Terra. "Um dia encontraremos vida noutro lugar", concluiu.


Fonte: DN

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